21
ago
11

Dissertação de Mestrado

Minha pesquisa de mestrado me trouxe algumas contribuições que mudaram convicções que eu tinha a algum tempo, como por exemplo…Se algo pode melhorar os resultados de sua atividade e é fácil de ser aprendido e incorporado ao seu processo, isto acontecerá normalmente.

Quero deixar aqui meu trabalho disponível e adoraria discutir a respeito. Aos que estiverem interessados…

Dissertação Mestrado

Explorando Redes de Cooperação Intelectual no ateliê de projeto de arquitetura.

Um abraço!

18
jul
11

Trabalho colaborativo online

Como escrevi nas conclusões de minha dissertação a melhor parte de uma pesquisa são as análises e novas pesquisas que podem advir dela: “…a etapa mais rica de todas – a análise e o olhar crítico a respeito de todas as atividades desempenhadas, com ênfase na busca de indícios, respostas e mais perguntas sobre o processo desenvolvido”.

Uma das questões que pesquisei foi o processo de trabalho cooperativo ou construções colaborativas. Trabalhar deste modo parece ser o que há de “mais moderno” em nossa sociedade. Eu explico: cada vez mais softwares facilitam este tipo de construção, o Goggle Wave para a produção de documentos de texto online com a participação de vários autores, os softwares BIM como o Revit, que possibilitam a construção de um edifício através de um único desenho protótipo com a atuação de vários projetistas ao mesmo tempo.

Mas o que é trabalhar de modo cooperativo? Será que cooperar e colaborar são a mesma coisa?

O que pude descobrir em minha pesquisa é que existem diversas interpretações para estas duas palavras. Deste modo tive que optar por uma das linhas de pensamento. A conceituação definida foi a descrita pelo sr. Jean Piaget em suas pesquisas e utilizada por outros inúmeros pesquisadores. Achei importante compartilhar esse conhecimento.

Para Piaget a cooperação é uma atividade social e intelectual que só pode se realizar em estágios avançados de desenvolvimento de habilidades cognitivas. Segundo este pesquisador, o desenvolvimento das habilidades de aprendizagem e construção das estruturas cognitivas humanas é caracterizado por quatro estágios: sensório motor; pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.

O último estágio, mais avançado e identificado como operatório formal é o que possibilita ao seres humanos o desenvolvimento de pensamentos totalmente abstratos, ou seja a concepção de algo novo com base em nossas experiências anteriores ou a desconstrução ou reconstrução de uma ação já realizada apenas no nível dos pensamentos.

Para Piaget as atividades de cooperação são formuladas neste estágio apenas. Cooperar é operar em conjunto: operar representa a capacidade de reversibilidade das ações no nível dos pensamentos. Nestes estágios torna-se possível o desenvolvimento de projeções, deduções e abstrações das ações realizadas. A produção de conhecimentos de forma cooperativa abrange desta maneira a compreensão mútua e uma escala de valores equilibrada para os sujeitos que cooperam. Cooperar é uma troca equilibrada de pensamentos e ideias onde todos os envolvidos adquirem novos conhecimentos.

Já o ato de colaborar é compreendido como uma atividade de trabalho em conjunto. Trabalhar em conjunto não necessita, como no caso da cooperação, de troca de ideias, mas sim apenas um trabalho braçal. Colaborar para construir algo é dividir tarefas, onde cada indivíduo desenvolve sua parte isoladamente para a construção de um todo, sem que haja a construção de uma ideia com a participação efetiva dos envolvidos em sua concepção.

Falando assim, as coisas ainda parecem ser sinônimos?

18
jul
11

Representação de desenho técnico a mão livre

Há pouco mais de dois anos que ouço falar de BIM e dos softwares que utilizam estes conceitos. Minha experiência na área de CAD  baseou-se no Autocad e iniciou no início dos anos 90. Nesta época o Autocad era raro em escritórios de arquitetura, mas já não era tão raro assim nos cursos de Arquitetura, pelo menos no Rio Grande do Sul. Na grade curricular do meu curso não existia disciplina que abordava o uso de CAD, mas existiam cursos de extensão, abertos ao público que possibilitavam isso. Na época se falava muito da “revolução” que eram essas tecnologias e nas suas potencialidades, na academia a maioria dos professores era conservador e alguns até questionavam muito sua utilização, talvez por isso tenha demorado tanto para que estes assuntos fossem abordados como uma disciplina da grade curricular do curso de Arquitetura da UNISINOS.

Comprei a revista Construção Mercado a alguns meses atrás, por causa da capa e de suas reportagens sobre BIM, mas o que mais me impressionou mesmo, foi observar que novamente a academia olha com olhar reticente e conservador sobre o fato,  e ainda que muitas dúvidas ainda permanecem sobre as potencialidades e obstáculos para a utilização de softwares BIM.

Me questiono sobre como as tecnologias de representação digitais estão sendo utilizadas nas faculdades de arquitetura brasileiras por muitos professores. A provável falta de familiaridade destes docente com as ferramentas influencia em sua maneira de observar sua utilização. Fico me questionando se é realmente necessário atualmente que os alunos aprendam a representação técnica de projetos de arquitetura em papel e nanquim. Não falo aqui dos desenhos e técnicas de representação artística de arquitetura, mas sim de uma disciplina de desenho técnico a mão livre e do consequente uso desta técnica nos primeiros semestres dos cursos de graduação. Será que precisamos disto hoje em dia?

Acredito que outras técnicas que utilizem softwares de modelagem, de expressão mais livre poderiam perfeitamente ocupar o lugar de disciplina como esta, deixando espaço para que os alunos explorem softwares de desenvolvimento de modelos paramétricos, ou mesmo softwares de modelagem 3D como um escultor ou um projetista de carros utiliza.

Cada vez mais os arquitetos vão ter as ferramentas adequadas para representar o edifício em 3D e provavelmente iremos rever até os modelos de representação arquitetônica bidimensionais, acabando por levar PADs e o modelo virtual 3D para o canteiro de obras.

17
jul
10

Redes digitais e colaboração no ensino de arquitetura

RESUMO

O ritmo de transformação exponencial da sociedade da informação impõe o questionamento a respeito de como estas transformações vem afetando nosso modo de vida, especialmente nossas relações de convivência social, de trabalho e produção do ambiente construído e sua relação com o ambiente natural. Uma questão ampla e sempre presente, implícita neste debate acerca da expansão da lógica de relacionamento em rede, tem sido – como esta lógica interfere nos processos de mudança social? Qual seu potencial para transformações positivas, das relações humanas, formando profissionais mais receptivos e preparados para estas mudanças, com capacidade de descentrar de suas visões singulares e compreender pontos de vista diferentes, ampliando suas fronteiras e assim abrindo perspectivas de inovação na própria produção deste conhecimento.

Esta pesquisa busca compreender os meios e analisar as formas como nos apropriamos de tecnologias emergentes. Tem como foco compreender como a lógica pervasiva de relacionamento em rede vem moldando e transformando não apenas o ambiente construído, mas cada vez mais o processo de trabalho dos arquitetos, construtores do espaço social da cidade. Busca-se evidenciar como esta mesma lógica pode contribuir para mudanças significativas nos processos de aprendizagem e formação de uma nova geração de arquitetos e urbanistas. Este pode ser um caminho promissor para enfrentar os problemas cada vez mais complexos da vida nas cidades e suas edificações. A hipótese de fundo aponta a potencialidade de desenvolvimentos de novos conhecimentos e novos modos de relacionamento, que possam lidar de forma mais positiva com o enfrentamento destes prementes desafios da sociedade contemporânea.

Este estudo discute estas questões a partir de um caso singular dentro deste processo de expansão da lógica de relacionamento em rede, que conjuga processos de aprendizagem em arquitetura e urbanismo, fazendo uso de tecnologias emergentes não apenas como ferramentas de aplicação, mas como parte constituinte do próprio processo de projeto. Isto implicou selecionar uma situação de aprendizagem que permitisse a participação ativa do pesquisador como agente propositivo do meio digital no qual o processo se desenvolve. Utiliza uma metodologia de pesquisa-ação em ambiente virtual, como base para uma estratégia de estudo de caso singular.

A partir de uma pesquisa prospectiva em ambientes de aprendizagem em arquitetura e urbanismo foi selecionada uma disciplina de atelier de projetos arquitetônico, que conjugasse estas características. Foi construído um ambiente virtual de relacionamento como suporte para as atividades de atelier presencial. Este processo de aprendizagem, desenvolvido ao longo do primeiro semestre de 2010, em atelier presencial e em interação com este ambiente virtual de relacionamento constitui o objeto da presente investigação, relatada neste trabalho.

Palavras chave: Internet, redes de aprendizagem, processos de colaboração, projeto de arquitetura, mapas conceituais.

01
jun
10

The Digital Divide – The internet galaxy

The Internet galaxy – Reflections on the Internet, Business, and Society
2001, New York, Oxford University Press Inc.

The internet galaxy.

Chapter 9 – The Digital Divide in a Global Perspective, 247-274

Manuel Castells
Comentários, adaptação e tradução próprios em 30 /05/2010

Neste publicação, Castells descreve diferenças de utilização e distribuição de acessos à internet geograficamente. E em uma pequena passagem do capítulo 9 apoia-se em outros pesquisadores para apontar as relações entre a internet e a educação.

Com base em estatísticas de distribuição de acessos a internet em escolas americanas, é possível demonstrar o rápido avanço desta tecnologia, que em 5 anos (1994-1999) passou de 35% para quase 100% dos estabelecimentos de ensino atendidos. Em contraste com este aumento significativo de investimentos em tecnologia, não houve treinamento no uso destas tecnologias para os professores, ou estes treinamentos foram pouco expressivos, segundo um estudo feito pelo departamento de Educação americano em 1997.

The usual meaning of  “the digital divide” refers to inequality of access to the Internet. As i discuss below, access alone does not solve the problem, but it is a prerequisite for overcoming inequality in a society whose dominant functions and social groups  are increasingly organized around the Internet.  p248

O significado usual  de “a divisão digital” refere-se a desigualdade de acesso a Internet. Como discuto abaixo, acesso apenas não resolve o problema, mas é um pre-requisito para superar as desigualdades em uma sociedade na qual as funções e grupos dominantes estão cada vez mais organizados em torno da Internet.

Internet-based learning is not only a matter of technological proficiency: it changes the kind of education that is required both to work on the Internet and to develop learning ability in a Internet-based economy and society. p 258 (Dutton, 1999 apud Castells)

A aprendizagem baseada na Internet não é apenas uma questão de proficiência tecnológica: ela muda o tipo de educação que é necessário para trabalhar na Internet e  desenvolver a habilidade de aprendizagem em uma sociedade e economia baseadas na Internet.
The critical matter is to shift from learning to learning-to-learn, has most information is on-line and what is really required is the skill to decide what to look for, how to retrieve it, how to process it, and how to use it for the specific task that prompted the search for information. In other words, the new learning is oriented toward the development of educational capacity to transform information in to knowledge and knowledge into action. p295 (Dutton, 1999 apud Castells)
A questão principal é a mudança de aprender para aprender à aprender, como a maior parte da informação está online e o que realmente é necessário é a habilidade de decidir o que procurar, como recuperar, como processar e como usar isto para a específica tarefa que originou a busca por informação. Em outras palavras a nova aprendizagem é orientada em direção ao desenvolvimento da capacidade educacional para transformar informação em conhecimento e conhecimento em ação.

Segundo a visão de Castells o sistema educacional é lamentavelmente inadequado para o uso desta nova metodologia de aprendizagem que se desenvolve a partir da rede. Ainda que exista a tecnologia nas escolas, professores não estão capacitados para usa-la adequadamente, assim como existem problemas pedagógicos e organizacionais para induzir essas novas habilidades de aprendizagem.

Even if it has the technology, it lacks teachers able to use it effectively, and it lacks the pedagogy and institutional organization to induce new learning skills. p 259

As causas do que Castells chama de “desequilíbrio educacional” se refletem na divisão digital através de quatro níveis. p259

1-As escolas são territorialmente e institucionalmente diferenciadas por classes e raças e existe uma grande diferença em termos tecnológicos entre as escolas.

2-Acesso a internet querer melhores professores.

3-Existem diferenças pedagógicas nas escolas, sendo algumas com foco no desenvolvimento intelectual e pessoal das crianças enquanto outras essencialmente preocupadas em manter disciplina e conduzir os alunos através de das séries sequenciais.

4- Na ausência de professores treinados e de reforma pedagógica das escolas as famílias tem a responsabilidade de auxiliar seus filhos com as questões relacionadas ao novo mundo tecnológico. Assim os filhos de famílias mais abastadas poderiam ser mais eficientemente guiados enquanto os menos preparados não conseguiriam auxiliar seus filhos de forma similar.

As questões relacionadas a causas e efeitos no que diz respeito a educação e suas relações com a divisão digital, a nosso ver podem ser mais complexas do que nos coloca Castells neste livro, já que esta não é sua principal área de estudos. Mas é claro que ele nos deixa alguns possíveis rastros que podem ser melhor e mais aprofundados para que possamos discutir estas questões com o auxílio de outros pesquisadores.

Dutton, William (1999) Society on the Line: Information Politics in the Digital Age. Oxford: Oxford University Press.
31
maio
10

Definição de ferramenta

O texto a seguir foi retirado do blog da professora Fernanda Natália Lopes Pereira.
Escrito em 30 de abril de 2009 e acessado em 31/05/2010.
http://interacoecooperao.blogspot.com/2009/04/teoria-da-aprendizagem-de-vygotsky.html

Pensando sobre a maneira como poderia abordar a questão da relação direta do uso da tecnologia informacional com o modo como se desenvolvem as habilidades cognitivas, achei que seria importante abordar o conceito que temos de  “ferramentas” nos processos intelectuais.

Acredito que existem diferenças no uso de tecnologias como instrumental e que estas ferramentas realmente afetam nosso modo de desenvolver nossas habilidades. Em se tratando das tecnologias informacionais, onde as ferramentas possuem uma abrangência quase ilimitada de possibilidades esta diferenças também poderiam ter o potencial de afetar nossas respostas de maneira  igualmente imprevisíveis.

Nesta busca pela definição do conceito de ferramentas encontrei o texto da prof. Fernanda Lopes, na qual ela fala sobre a teoria de Vygotsky, que parece vir bem de encontro ao que pensamos sobre o papel das tecnologias informacionais.

Teoria da Aprendizagem de Vygotsky

O processo ensino-aprendizagem explica-se através da Teoria da Actividade desenvolvida por Vygotsky a partir da abordagem materialista-histórica, afirmando que a nossa consciência é de natureza social e cultural.
A teoria defendida por Vygotsky tornou-se mundialmente conhecida através da sua obra Mind in Society, na qual, Wersch (1993) julga encontrar três aspectos fundamentais:
· Utiliza um método genético ou de desenvolvimento;
· As funções mentais mais elevadas do indivíduo emergem de processos sociais;
· Os processo sociais e psicológicos humanos formam-se através de ferramentas – artefactos culturais – os quais servem para proceder à mediação entre os indivíduos e o meio físico que o envolve.
Neste último âmbito, Cole e Scribner (1978:7) são de opinião que Vygotsky se aproximou de Engels quando se reportou ao conceito de ferramenta. Apoiou-se no materialismo histórico como forma de explicar como devem ser mediadas as actividades pedagógicas que têm de prever a participação activa dos sujeitos no processo de ensino-aprendizagem, no qual o sujeito acaba por ser o resultado da sua própria actividade e se orienta por determinados motivos os quais ele deseja alcançar. É neste contexto que se integra o acto educativo no qual o professor é o mediador e, por isso, deve planear actividades envolventes com clareza de motivos e finalidades. Agindo deste modo, o professor acaba por promover uma aprendizagem eficaz.


Vygotsky considera que os artefactos são construídos social e culturalmente e, acabam por ter efeitos sobre a mente do seu utilizador e o contexto que o envolve. Isto significa que, quando surge uma ferramenta nova, a qual também é, por si só, portadora de carga cultural anterior, que este envolvida na sua concepção e construção, leva a novas formas de acção por parte do indivíduo que os interioriza. Ou seja, os artefactos são, na sua essência, transformadores da mente.

Em nosso caso específico estamos procurando observar a relação de um artefato em específico,  a “Internet”, que está sendo amplamente utilizado nos dias atuais por uma série de razões, dentre elas a facilidade de comunicação e discussão de ideias globalmente. Existe uma série de novas possibilidades  no uso da rede em nossas vidas diárias, e apoiando-se na teoria de Vygotski queremos descobrir como esta ferramenta pode estar atuando como transformadora da mente dos nossos futuros arquitetos.


Nesta ordem de ideias, há que ter em conta que não faz sentido estudar o desenvolvimento psicológico separado da compreensão das circunstâncias culturais, as quais o indivíduo cresce e se desenvolve. De acordo com Vygotsky, existe uma forte correlação entre o indivíduo e o contexto global que o envolve.

Assumindo que o contexto global e as circunstâncias culturais são importantes para o desenvolvimento humano se faz ainda mais necessária uma visão deste contexto e de seus relacionamentos com o que estamos produzindo e como estamos produzindo arquitetura.  Embora nosso estudo se atenha apenas nas questões vinculadas ao ensino de arquitetura no nível acadêmico, acreditamos que estas relações seriam desenvolvidas também no nível profissional.


Para Vygotsky, a reconstrução interna das operações externas faz-se através da internalization (19789 – interiorização – a qual consiste numa sequência de operações, que leva à transformação do processo interpessoal em intrapessoal.


Vygotsky, também seguiu a teoria histórico-cultural da actividade, considerando que a actividade humana é mediada pelo uso de ferramentas. Tais ferramentas são fruto da criação e transformação humana e, assumem grande relevância na maneira como o indivíduo se relaciona com o mundo real, como controla o seu comportamento e como se relaciona com os outros indivíduos.

Desenvolvemos ferramentas a partir de nosso contexto sócio cultural e estas ferramentas por sua vez modificam nossa maneira de nos relacionarmos com o espaço e com os outros indivíduos. Imaginemos que nosso contexto sócio cultural com a inclusão das redes digitais se torna potencialmente mais vasto através de possibilidades de construção de conhecimentos a nível global. Então podemos nos questionar, até que ponto esta ferramenta chamada internet pode nos influenciar?


Segundo Carlos Fino, a função da ferramenta é servir como condutor de influência humana no objecto da actividade, sendo externamente orientada e devendo levar a mudanças nesse objecto. A ferramenta é perspectivada como a forma encontrada pelo homem para dominar a Natureza.
Vygotsky dá também ênfase ao facto da actividade socialmente organizada conduzir à construção da consciência. De acordo com Mehan (1981) as estruturas cognitivas e sociais são compostas e residem na interacção entre pessoas.
Da teoria defendida por Vigotsky há que referir também a existência de conceitos científicos e espontâneos (de todos os dias). Os primeiros são adquiridos por via da escolarização formal enquanto os segundos são apreendidos através das interacções quotidianas.
Todavia, a mais-valia da teoria de Vygotsky emerge da sua noção da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP),área potencial do desenvolvimento cognitivo, definida como a distância que medeia entre o nível actual de desenvolvimento da criança, determinado pela sua capacidade actual de resolver problemas individualmente, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de problemas sob orientação de adultos ou em colaboração com pares mais capazes (Vigotsky, 1978:86). a qual se assume como uma


O desenvolvimento, segundo Vygotsky (1978), consiste num processo de aprendizagem do uso de ferramentas intelectuais, onde a linguagem é um dos exemplos. Deste modo, a interacção social acaba por ser mais eficaz quanto mais adaptado o indivíduo estiver em relação às ferramentas de que dispõe.

Esta me parece ser uma questão muito relevante e que acreditamos poderá ser observada nas análises do estudo de caso da disciplina. Acredito que tenhamos algumas informações a cerca de como a relação do indivíduo com a ferramenta pode influenciar seu desenvolvimento.

Quanto a esta questão tenho uma hipótese de que esta relação em muitas vezes pode estar vinculada a um pré-julgamento sobre o tema das tecnologias informacionais. As dificuldades em relação a adaptação dos indivíduos pode em muito estar vinculada mais a pré-conceitos do que propriamente a dificuldades de aprendizado e compreensão.


Aspecto relevante da teoria de Vygotsky concentra-se na ideia de que o desenvolvimento não coincide com a aprendizagem. Este é, efectivamente uma inovação na sua teoria. E, é exactamente dessa assintonia que emerge a ZDP através da qual ele conseguiu explicar e avaliar o nível de desempenho individual das crianças (nível actual de desenvolvimento) e o nível que elas poderão atingir (nível potencial de desenvolvimento). Como a ZDP permite aos psicólogos e educadores compreender o curso interno do desenvolvimento, bem como a sua maturação, torna-se num meio que permite delinear o futuro imediato da criança.
É, ainda, na ZDP, que se constata uma interacção entre o professor/educador, o aluno e o conteúdo do problema, para o qual se pretende encontra a melhor solução. Neste âmbito, Vygotsky propõe a existência de uma janela de aprendizagem em cada momento do desenvolvimento dos alunos, o que torna pertinente proporcionar-lhes um grande manancial de actividades visando que cada um possa individualizar a sua aprendizagem.


A ZDP implica aceitar que a aprendizagem se efectiva através da imitação dos actos dos adultos por parte das crianças, em que estas vão, paulatinamente, alcançando níveis mais superiores de performence. Isto significa que se deve proporcionar às crianças níveis superiores em estádio de desenvolvimento em que se encontram pois só deste modo é que haverá boas aprendizagens, que, segundo Vygotsky são aquelas que conduzem a um avanço no desenvolvimento (1978), porque passa a actuar no limite das suas potencialidades.

Aqui acredito que não está claro as questões relacionadas ao nível intelectual das crianças e seu estágio de evolução. De quais fases de desenvolvimento está sendo falado? Quais são as idades destas crianças? A relação é a mesma com os adultos?


A questão de que a aprendizagem é fruto de um processo social, deduz-se da opinião de Morrison (1993), considerando que essa interacção não deve ser perspectivada de modo redutora, ou seja, implicando apenas o professor e o aluno mas estendendo-se a todo o contexto envolvente, o que significa incluir o ambiente e a comunicação. Assim, ao interagir com um adulto, a criança torna-se mais habilitada para actuar em situações inovadoras, ou seja, torna-se capaz de transferir conhecimentos, o que vem de encontro ao ensino por competências: a criança interioriza, implica-se e aplica os seus conhecimentos a situações novas. Em suma, a instrução deve sempre proceder o desenvolvimento (Henderson, 1986).

Todavia, para Vygotsky (1978), quando se vida uma pedagogia completa e eficaz não se deve limitar o processo ensino-aprendizagem à interiorização. É preciso que o aluno seja capaz de identificar o conhecimento, habilidades e valores que foram interiorizados.

Acredito que estamos procurando avaliar e auxiliar os alunos a procederem esta identificação através dos mapas conceituais e suas relações com os projetos arquitetônicos desenvolvidos.


É em todo este processo que emerge o conceito de professor tutor, o qual começa por agir como um agente metacognitivo porque monitoriza e dirige, de forma subtil, a actividade do aluno, capacitando-o para ser capaz de resolver problemas. Ou seja, o professor tutor assume-se como um regulador da aprendizagem.
Mas, para além do tutor também há que ter em conta que a aprendizagem também pode ser operacionalizada através da mediação da mesma com o grupo de pares (peer tutoring In Gartner & Riessman, 1993), o que significa a partilha da aprendizagem entre os alunos.
Por outro lado, Vygotsky (1978) defendia que a auto-regulação é precedida da regulação exterior, porque a aprendizagem de conhecimentos e habilidades acontece num contexto social, no qual um adulto ou criança mais aptos orientam outro menos apto. Deste modo, existe numa primeira fase uma orientação are ao ponto em que aquele último se torna capaz de agir sozinho.


Em suma, quando a aprendizagem se faz através de uma tutoria vertical – professor tutor – ou horizontal – grupo de pares – esta torna-se mais eficaz.

Bibliografia:
Cole, M. & Scribner, S. (1978). “Introduction”. In L. S. Vygotsky, Mind in Society – The Development of Higher Psycological Process. New York: Basic Books.
Fino, Carlos Nogueira (s/d) “Vygotsky e a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP): três implicações pedagógicas”. In Revista Portuguesa de Educação, vol. 14, nº2, pp.273-291.
Gartner, A. & Riessman, F. (1993). “Peer Tutoring: Toward a New Model”. ERIC Digest – August 1993: Clearinghouse on Teaching and Teacher Education.
Henderson, R. (1986). “Self-Regulated Learnig: Implications for the Design of Intructional Media” In Contemporany Educational Psycology, 11, pp.405-427.
Mehan, H. (1981). “Social constructivism in psychology and sociology” In The Quarterly Newsleter of the Laboratory of Comparative Human Cognition, 3, pp.71-77.
Morrison, S. (1993). “Educational Computing for intellectual maturity” In http://alcor.concordia.ca7~smorr/Intellectual_Maturity.html.
Vygotsky, L. S. (1978). Mind in Society – The Development of Higher Psycological Process. Cambridge MA: Harvard University Press.
Wertsch, J. (1993). Voices of Mind. Cambridge MA: Harvard University Press.

24
maio
10

Cooperação é a chave do sucesso

Entrevista com a ganhadora do Nobel de Economia cientista política Elinor Ostrom.

http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1586598-17665-314,00.html

rever..!

23
maio
10

David Harvey

Entrevista de David Harvey concedida ao programa MILÊNIO.

http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1567340-17665-314,00.html

O que a economia tem a ver com tecnologia e arquitetura?

Nesta entrevista Harvey conta a respeito de suas ideias sobre economia e de sua “utopia” sobre um mundo com uma economia de crescimento “zero” ao ano, ao invés da perseguição de um crescimento econômico de 3% ao ano, defendida por economistas ortodoxos, para que possamos melhorar a vida de “todos”.

Achei especialmente interessante a ideia de Harvey (da qual compartilho a bastante tempo mas sem o embasamento cientifico necessário, é claro) de que o ser humano não pode viver em um mundo sem mudanças, somos seres que vivem em constantemente busca por novidades, mas isto nada tem a ver com crescimento econômico. A teoria de que podemos separar desenvolvimento humano de crescimento econômico não me parece tão utópica assim e poderia ter relação tanto com a REDE (internet) quanto com o trabalho que estamos desenvolvendo na dissertação de mestrado.

Embora o crescimento da internet seja impulsionado por questões econômicas, muitas das relações que se desenvolvem na rede poderiam ser vistas com um caráter mais solidário e no sentido do desenvolvimento humano, muito mais do que recompensas financeiras.

Nossa vida está atualmente muito ligada a rede, claro que estamos falando apenas de uma parcela mínima da população mundial com acesso e que sabe utilizar seus recursos, mas existe um encaminhamento inevitável para essa estrada, orgãos públicos cada vez mais disponibilizam serviços essenciais na rede mundial, cidades inteiras estão investindo em tecnologias de acesso sem fio gratuítas e de abrangência municipal, os computadores estão cada vez mais baratos e a cada dia tornan-se  mais objetos de desejo de todas as classes sociais.

Estamos vendo um avanço muito rápido na interação dos usuários com a internet e entre estes através da rede, o desenvolvimento de serviços de cada vez de mais fácil utilização e grande penetração como blog, wikis, twitter, youtube, redes de relacionamento, trazem mais pessoas para a rede e com um perfil diferente daquele que existia a 5 ou 10 anos atrás. As pessoas estão cada vez mais interativas através da rede, querem divulgar conhecimentos, querem expor suas experiências, suas ideias. Existe uma infinidade de formas na internet de acesso a todo tipo de conhecimento gerado por pessoas comuns, desde simples receitas de bolos que são enviadas e comentadas por internautas de todas as partes, até vídeos explicando como utilizar ferramentas, como pintar um quadro, etc.

Desde o desenvolvimento da internet, esta passou a ser parte da rotina de estudantes de todos os níveis em suas buscas por informações, na maioria das vezes em uma forma de mão única, onde apenas retiravam dali informações que fossem interessantes para os temas pesquisados, atualmente estamos experimentando em todos os campos algo que vai um pouco mais além, estamos ao mesmo tempo absorvendo informações da rede e as retroalimentando.

Uma experiência que está acontecendo na área da arquitetura e pode ser exemplo deste movimento é o que acontece em concursos como o Solar Decathlon, com seu formato que torna público os projetos que estão sendo desenvolvidos, servindo estes de base para novos estudantes que podem avançar a partir de um ponto de partida já altamente desenvolvido.

Mas essa ainda não é a forma de trabalho que estamos perseguindo, embora tenha servido como caminho. Estamos perseguindo algo mais dinâmico, mais interativo, baseado em relacionamentos durante o processo, onde o processo torna-se mais importante que o produto. Acreditamos que isso pode ser mais relevante e pode mudar nossos relacionamentos, nossa maneira de projetar arquitetura, de propor cidades e de alcançar a sustentabilidade.

Este movimento pode ser encontrado em diversos sites organizados e institucionais e mais recentemente em blogs totalmente espontâneos e individuais, que discutem, comentam, testam e trazem ao público diversas questões.

A questão preocupante nesse caso são os direitos autorais dos envolvidos, mas acho que também pode haver outras questões que não da área do direito propriamente e sim relacionadas ao poder que pode advir do conhecimento e dos resultados financeiros que este conhecimento resguardado pode oferecer a seus detentores.

A rede possibilita que pensemos em colaboração e desenvolvimento humano talvez como pensa David Harvey, ainda não sei quais os caminhos que Harvey acredita podem levar a sua utopia de crescimento zero e florescimento do desenvolvimento humano, mas acredito que a rede e a forma como nos apropriamos dela pode ter influência nesta utopia, e talvez na transformação desta em realidade.

14
maio
10

Uma introdução à era da informação

CITY Journal  – analisys of urban trends, culture, theory, policy, action – VOLUME n° 7
Maio 1997, Londres, Inglaterra, p 6-16

An Introduction to the Information Age.

Manuel Castells
Comentários, adaptação e tradução próprios em 12 /05/2010

Este artigo é uma breve introdução das ideias defendidas pelo sociólogo espanhol Manuel Castells em seu livro em três volumes  “A era da Informação”. Castells analisa a sociedade contemporânea no contexto do que ele denomina de uma nova organização social baseada em redes.

Esta introdução foi apresentada na conferência “Information and the city” ocorrida em 1996 na universidade de Oxford.

Castells inicia sua introdução citando as diversas transformações que tem ocorrido no mundo nos últimos 40 anos, apontando entre as mais importantes a difusão e dependência da revolução das tecnologias da informação, a revolução da engenharia genética, o colapso da União Soviética e queda do movimento comunista internacional, o fim da guerra fria, a reestruturação do capitalismo, os movimentos de direito ambientalista e feminista, o processo de globalização e suas forças contrárias.

Com o objetivo de categorizar a Sociedade da Informação, Castells nos aponta algumas funções e processos observados por ele, que se inter-relacionam em forma de rede sem apresentarem hierarquias definidas.

1-Economia Informacional

A economia na sociedade da informação se caracteriza pelo papel do conhecimento no processo produtivo. As fontes de produtividade e competitividade dependem diretamente de conhecimento, informação e da tecnologia utilizada no processo. A abrangência deste modo econômico não se limita apenas as áreas de serviço e manufatura, mas estende-se inclusive à agricultura, possuindo grande potencial para solução de problemas sociais e semelhante capacidade para agravar exclusões sociais.

2- A Economia Global

Segundo Castells existe uma diferenciação no que se refere ao termo economia mundial, existente desde o século XVI com a nova economia global. Esta economia global caracteriza-se por um núcleo de atividades que trabalham em tempo real em escala planetária. Estas atividades dominantes são formadas pelos mercados financeiros , avançados serviços de negócios, inovações tecnológicas, alta tecnologia de manufatura e pelas mídias de comunicação.

A dinâmica baseada em redes e mercados desta nova economia altera o destino de grande parte dos empregos a nível global, mesmo sendo estes de caráter nacional, regional ou local.

Esta penetração da economia global só tornou-se possível após a disponibilização das tecnologias da informação e comunicação ocorridas nas últimas décadas.

Embora tenha alcance planetário, este modelo utiliza-se dessa potencialidade apenas na busca de valiosas adições ao sistema, como mercados e indivíduos, enquanto desconecta mercados e indivíduos não significantes, estendendo seu alcance de forma geograficamente desigual e excluindo a maioria da população mundial.

Segundo Castells, a exclusão causada por este modelo independe de fronteiras nacionais e acaba por criar um quarto mundo (fazendo alusão a categorização de países de primeiro, segundo e terceiro mundo adotada anteriormente) que é formado principalmente por mulheres e crianças.

3-Empresas em rede

No centro desta economia global surge uma nova forma de organização empresarial, a empresa em rede. Esta empresa em rede é formada pelas diversas ramificações, segmentos e setores internos das empresas, assim como com suas ligações com outras empresas e contratados terceirizados. Esta organização forma-se e modifica-se para o desenvolvimento de projetos específicos atuando neste âmbito como uma unidade, dissolvendo-se ao término do projeto ou reagrupando-se em configurações diferentes para o desenvolvimento de outros projetos.

3-A transformação do trabalho e emprego: trabalhadores flexíveis

A era da informação é cheia de mitos sobre o destino do trabalho e emprego.

Passados vinte anos da difusão da tecnologia da informação não se verificou um aumento do número de desempregados, verificando-se na verdade a existência de taxas de desemprego muito maiores em setores, regiões e países menos tecnológicos.

Análises e evidências apontam que o impacto variável da tecnologia em empregos depende de uma grande gama de fatores como estratégias de empresas e políticas de governo.

Castells defende que políticas de governo restritivas e muito ortodoxas podem ter maiores influências nas taxas de desemprego.

Na sociedade da informação algumas mudanças estão ocorrendo nas características dos empregos, as novas tecnologias de comunicação e informação possibilitam a automação, mudança do local de produção para outros países, terceirizações e subcontratações de empresas de menor porte. Estas possibilidades flexibilizam negócios e trabalhos propiciando ainda mais força ao capital em detrimento do trabalho em suas relações.

O desenvolvimento das empresas em rede resulta em redução do número de empregados, subcontratações, criação de redes de trabalho e individualização de negociações contratuais. A redução do número de empregados é compensada pela terceirização, sendo os funcionários contratados apenas para desempenhar tarefas específicas com prazos determinados e sem vínculo com a empresa.

Baseando seu pensamento em estudos de condições de emprego feitos no Vale do Silício, nos EUA, pólo da alta tecnologia de microprocessadores, Castells, afirma que existe uma tendência do trabalho ser executado por tarefas específicas individualizando o emprego e as relações de trabalho, transformando o trabalhador em uma empresa e modificando seu poder de barganha.

Acredito que esta ideia possa ser interessante e reconhecida nos casos de trabalhos de alta tecnologia e com um número limitado de profissionais, mas no caso de trabalhos que necessitem de baixa formação escolar estas mudanças causam maiores desigualdades.

5 Polarização social e exclusão social

Todas estas mudanças no trabalho e na economia enfraquecem as organizações de trabalhadores, os deixando cada vez mais sem representação e desprotegidos.

“Habilidades e educação, em uma constante redefinição destas habilidades, torna-se crítica na valorizando ou desvalorizando pessoas em seu traballho.”

“Skills and education, in a constant redefinition of this skills, become critical valorizing or devaluing people in their work.” p10

O resultado destas tendências é um aumento das desigualdades sociais na maioria das sociedades do mundo com um aumento da concentração de riquezas no topo e aumento da pobreza inclusive em países como os Estados Unidos e Inglaterra.

Estas desigualdades criam bolsões de abandono com várias entradas e nenhuma saída, com condições de fomentar desemprego, doenças, pobreza, problemas familiares, drogas e crimes. Locais estes, que Castells afirma ser necessário esforço heroico para se libertar e que o mesmo os chama de buracos negros do capitalismo informacional.

“A era da informação não tem que ser a era da intensificação da desigualdade, polarização e exclusão social. Mas até o  momento é.”

“The information age does not have to be the age of stepped-up inequality, polarization and social exclusion. But for the moment it is.” p10

6. A cultura da real virtualidade

Na esfera cultural podemos ver semelhante padrão de organização em rede, organizado com base  nas mídias eletrônicas e nos sistemas de comunicação baseados em redes de computadores.

Diferentemente das mídias de massa difundidas até então os novos sistemas de comunicação possuem a característica de canais de mão dupla e tendem a se tornar mais interativos e inclusivos. A união das várias mídias possíveis e a abrangência de disseminação de diversificadas culturas de forma global possui uma extraordinária capacidade inclusiva.

Enquanto temos concentração de grupos de mídia ao redor do mundo, temos ao mesmo tempo cada vez maior interação entre indivíduos e segmentação de mercados que quebram a uniformidade da audiência de massa.

“Estes processos induzem a formação de o que eu chamo de a cultura da real virtualidade.”

These processes induce the formation of what I call the culture of real virtuality.” p11

“…quando nosso ambiente simbólico é, em geral, estruturado neste inclusivo, flexível e diversificado hipertexto, no qual navegamos todos os dias, a virtualidade deste texto é de fato nossa realidade…”

“…when our simbolic enviromment is, by and large, structure in this inclusive, flexible, diversified hypertext, in which we navigate every day, the virtuality of this text is in fact our reality….” p11

7.Política

A mudança no modo de atuação da mídia de comunicação não afeta apenas a cultura, mas a política também. Em todos os países a mídia tem se tornado espaço essencial da política.

“…sem significante presença no espaço da mídia, atores e ideias são reduzidas a marginalidade política.”

“…without significant presence in the space of media, actors and ideas are reduced to political marginality.” p11

Esta presença na mídia ocorre não apenas em épocas de campanha mas em mensagens do dia-a-dia que as pessoas recebem pela mídia que tem por objetivo construir uma imagem personificada do pensamento político. Esta imagem é caracterizada pela pessoa do político.

A maior arma política segundo Castells é justamente o ataque a esta imagem, normalmente tornando públicos fatos de corrupção ou imagens negativas desta pessoa. Sendo assim, o papel do marketing político é essencial para se ganhar uma campanha política. Este marketing e o custo da vinculação da imagem política na mídia torna a política um negócio extremamente caro que necessita formas de custeio. A possibilidade de acesso ao poder e sua manutenção são utilizadas como formas deste custeio, induzindo à corrupção e realimentando os escândalos políticos.

8-Tempo intemporal

Castells propõe a hipótese de que a nova estrutura social dominante da era da informação está organizada ao redor de novas formas de tempo e espaço, definidas por ele como tempo intemporal e espaços de fluxos.

Embora esta estrutura não seja formada por toda a humanidade e a maioria dos seres humanos não viva esta realidade, seus efeitos são sentidos por todos.

Existe um esforço incansável para aniquilar o tempo, comprimir anos em segundos e em frações de segundo, eliminar o sequenciamento do tempo e a sucessão de coisas. A sucessão das coisas, segundo Leibniz, é o que caracteriza o tempo, então sem coisas e sua ordem sequencial o tempo não mais existiria na sociedade.

Castells exemplifica sua linha de pensamento com alguns fatos contemporâneos como a maneira como os mercados financeiros funcionam, através de transações financeiras feitas em frações de segundo, com as ditas guerras instantâneas com ataques de precisão com duração de poucas horas ou minutos, com a possibilidade de modificação do ciclo de vida através das técnicas de fertilização, que possibilitam que se gerem filhos de pais que podem até já terem falecido ou também através das técnicas de engenharia genética que pesquisam formas de retardar ou até parar o envelhecimento das células, na tentativa de tornar possível a eternização da vida.

Ao mesmo tempo que seleto grupo de indivíduos tem acesso a estas possibilidades, a grande maioria permanece submetida aos relógios biológicos e do tempo.

9. O espaço de fluxos

O conceito de espaço de fluxos foi prop0sto, segundo Castells, para dar sentido a um corpo de observação empírica onde funções dominantes foram cada vez mais operadas com base em trocas entre circuitos eletrônicos interligando sistemas de informação em diferentes localizações. Mercados financeiros, mídia global, avançados serviços de negócios, tecnologia, informação e sistemas de trasnporte rápido. A unidade de operação existe através do “link” entre as diversos espaços territoriais descentralizados.

Castells coloca algumas razões para a adoção do termo espaço para estas condições.

1- Estes circuitos eletrônicos possuem base territorial.

2- Os “links” entre estes são baseados na existência e qualidade de sistemas de comunicação e transporte em uma geografia desigual.

3- O significado de espaço evolui, assim como o de tempo.

“Ao invés de condescendentes declarações futurológicas como o desaparecimento do espaço e o fim das cidades, nos devemos ser capazes de re-conceitualizar novas formas de arranjos espaciais sob o novo paradigma tecnológico.”

“…instead of indulging in futurological statements such as the vanishing of space, and the end of the cities, we should be able to reconceptualize  new forms of spatial arrangements under the new technological paradigm.” p13

Castells constrói uma conceitualização de sua teoria baseado em Leibniz e Harold Innis conectando espaço e tempo, ao redor da noção de espaço como coexistência do tempo.

“Espaço é o suporte material do tempo compartilhado nas práticas sociais.”

“…space is the material support of time-sharing social practices.”p13

“O que acontece quando o tempo compartilhado de prática ( seja ele síncrono ou assíncrono) não implica continuidade? As coisas ainda existem juntas, elas compartilham tempo, mas os arranjos materiais que possibilitam esta coexistência são inter-territoriais ou trans-territoriais.”

“What happens when the time -sharing of practices (be it synchronous or asynchronous) does not imply contiguity? Things’ still exist together , they share time, but the material arrangements that allow this coexistence are inter-territorial or transterritorial.”p14

“O espaço de fluxos é a organização material do tempo compartilhado nas práticas sociais que trabalham através dos fluxos.”

“…the space of flows is the material organization of time-sharing social practices that work through flows.” p14

“O espaço de lugares continua a ser o espaço predominante da experiência.”

“The space of places continues to be the predominant space of experience…” p14

Na sociedade em rede, uma fundamental forma de dominação social é a prevalência da lógica do espaço de fluxos sobre o espaço de lugares.

In the network society, a fundamental form of social domination is the prevalence of the logic of the space of flows over the space of places.p14

Mas existe algo mais na nova dinâmica espacial. Além da oposição entre o espaço de fluxos e o espaço de lugares. Como as redes de informação e comunicação se difundem na sociedade, e como as tecnologias são apropriadas por uma variedade de atores sociais, segmentos do espaço de fluxos são penetrados por forças de resistência a dominação, e por expressões de experiência pessoais.

But there is still something else in the new spatial dynamics. Beyond the opposition between the space of flows and the space of places. As information/ communication networks diffuse in society, and as technology is appropriated by a variety of social actors, segments of the space of flows are penetrated by forces of resistance to domination, and by expressions of personal experience. p 14

Castells concorda que o espaço de fluxos ainda permanece como um meio de comunicação elitista, mas acredita que isto está se modificando rapidamente e que estamos apenas no início de um campo de estudo que pode nos levar a entender e mudar a lógica que prevalece no espaço de fluxos.

Conclusão: A sociedade em rede

Uma sociedade que estrutura suas funções dominantes e processos em estruturas de rede, uma sociedade neste caso capitalista, mas de uma forma diferente do capitalismo industrial. Uma sociedade que não foi produzida pela tecnologia da informação mas não teria a mesma força de penetração e as mesmas habilidades para interligar ou desconectar todo a gama de atividades humanas.

As transformações possibilitadas pela sociedade em rede são especialmente significantes em decorrência de sua arquitetura aberta, baseada no dinamismo, flexível e com potencial de expansão sem fim, sem rupturas e com o poder de contornar ou desconectar indesejáveis componente na rede.

A dinâmica das redes empurra a sociedade para além de seus controles e restrições permitindo um constante rearranjo de instituições e organizações humanas.

12
maio
10

Communication Power – Castells

Website professor Castells. http://www.manuelcastells.info/en/
Nova publicação de Manuel Castells.
Communication Power, New York: Oxford University Press, 2009.

Sumary

We live in the midst of a revolution in communication technologies that affects the way in which people feel, think, and behave. The mass media (including web-based media), Manuel Castells argues, has become the space where political and business power strategies are played out; power now lies in the hands of those who understand or control communication. Over the last thirty years, Castells has emerged as one of the worlds leading communications theorists. In this, his most far-reaching book for a decade, he explores the nature of power itself, in the new communications environment. His vision encompasses business, media, neuroscience, technology, and above all politics. His case histories include global media deregulation, the misinformation that surrounded the invasion of Iraq, environmental movements, the role of the Internet in the Obama presidential campaign, and media control in Russia and China. In the new network society of instant messaging, social networking, and blogging–“mass self-communication”–politics is fundamentally media politics.This fact is behind a worldwide crisis of political legitimacy that challenges the meaning of democracy in much of the world. Deeply researched, far-reaching in scope, and incisively argued, this is a book for anyone who wants to understand the dynamics and character of the modern world. “How could Manuel Castells have predicted that now is the time of the perfect storm? I do not know. But I do know that his new book coincides with the largest downturn in global economies since the 1930s, with the most important American election since the 1960s, with a most radical transformation of world politics in many generations, and with the most profound reevaluation of the lives of modern citizens, from what they value to how they communicate. We have become used to Castells’ careful scholarship and penetrating analyses but in this new book he cuts deeper into the heart of the matter. Sometimes he provides illuminating answers and where he cannot, he frames the questions that must be answered. This is a powerful and much needed book for a world in crisis.”–Antonio Damasio “Manuel Castells unites the mind of a social scientist with the soul of an artist. His trilogy took us to the edge of the millennium. This book takes us beyond to the critical crossroads of the 21st century, where technology, communication, and power converge.”–Rosalind Williams, Director, Program on Science, Technology and Society, MIT.

fonte: http://biblioteca.uoc.edu/login/syndetics/mesinfo.php?isbn=9780199567041&lang=eng



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