Há pouco mais de dois anos que ouço falar de BIM e dos softwares que utilizam estes conceitos. Minha experiência na área de CAD baseou-se no Autocad e iniciou no início dos anos 90. Nesta época o Autocad era raro em escritórios de arquitetura, mas já não era tão raro assim nos cursos de Arquitetura, pelo menos no Rio Grande do Sul. Na grade curricular do meu curso não existia disciplina que abordava o uso de CAD, mas existiam cursos de extensão, abertos ao público que possibilitavam isso. Na época se falava muito da “revolução” que eram essas tecnologias e nas suas potencialidades, na academia a maioria dos professores era conservador e alguns até questionavam muito sua utilização, talvez por isso tenha demorado tanto para que estes assuntos fossem abordados como uma disciplina da grade curricular do curso de Arquitetura da UNISINOS.
Comprei a revista Construção Mercado a alguns meses atrás, por causa da capa e de suas reportagens sobre BIM, mas o que mais me impressionou mesmo, foi observar que novamente a academia olha com olhar reticente e conservador sobre o fato, e ainda que muitas dúvidas ainda permanecem sobre as potencialidades e obstáculos para a utilização de softwares BIM.
Me questiono sobre como as tecnologias de representação digitais estão sendo utilizadas nas faculdades de arquitetura brasileiras por muitos professores. A provável falta de familiaridade destes docente com as ferramentas influencia em sua maneira de observar sua utilização. Fico me questionando se é realmente necessário atualmente que os alunos aprendam a representação técnica de projetos de arquitetura em papel e nanquim. Não falo aqui dos desenhos e técnicas de representação artística de arquitetura, mas sim de uma disciplina de desenho técnico a mão livre e do consequente uso desta técnica nos primeiros semestres dos cursos de graduação. Será que precisamos disto hoje em dia?
Acredito que outras técnicas que utilizem softwares de modelagem, de expressão mais livre poderiam perfeitamente ocupar o lugar de disciplina como esta, deixando espaço para que os alunos explorem softwares de desenvolvimento de modelos paramétricos, ou mesmo softwares de modelagem 3D como um escultor ou um projetista de carros utiliza.
Cada vez mais os arquitetos vão ter as ferramentas adequadas para representar o edifício em 3D e provavelmente iremos rever até os modelos de representação arquitetônica bidimensionais, acabando por levar PADs e o modelo virtual 3D para o canteiro de obras.